VisãoA revolução dos orgânicos Houve um tempo em que se acreditava que o aumento da produção agrícola estava ligado diretamente ao uso de substâncias químicas colocadas no solo. Essa cultura aumentou ainda mais com o mercado de fertilizantes químicos e mais tarde com a Revolução Verde, que pregava que a abundância na produção só seria possível por meio da introdução de agrotóxicos, sementes híbridas,fertilizantes artificiais. Os anos se passaram e muita gente já percebeu que esse modelo de produção não funciona mais. Por isso, a cultura de produtos orgânicos está voltando a todo vapor. Nas feiras, lojinhas de bairro, prateleiras de qualquer supermercado, ou por meio de cestas entregues em casa, alimentos livres de agrotóxicos, mais saborosos chegaram pra ficar e aos poucos as pessoas estão percebendo que é possível ter alimentos fresquinhos, sem conservantes e com aroma da fazenda mesmo morando na cidade. A notícia veio em boa hora, pois em apenas um semestre do ano passado, o Brasil importou 6 mil toneladas de substâncias químicas para uso na agricultura que foram vetadas pelos próprios países de origem. Mas os orgânicos são muito mais do que um alimento saudável. Essa ponte direta entre o campo e a cidade fortalece as economias locais e solidárias, valoriza o trabalho do homem do campo que usa a terra sem prejudicar o meio ambiente e ajuda a diminuir as emissões de gases de efeito estufa decorrentes do transporte, pois a verdadeira agricultura orgânica é aquela que se mantém local. De nada adianta um alimento sem agrotóxico que deu a volta ao mundo até chegar ao nosso prato e consumiu uma quantidade enorme de petróleo, contribuiu com emissões de gases poluentes e de efeito estufa. Um estudo de Lowa, nos Estados Unidos, mostrou que uma dieta regional consome 17 vezes menos petróleo do que uma alimentação típica baseada em produtos exportados. Em Toronto, no Canadá, os alimentos viajam em média 3.333 milhas para chegar na mesa do consumidor final. Entre 1978 e 1999, a distância percorrida pelos alimentos no Reino Unido aumentou em 50%. Os produtos que compõem um café da manhã típico da Suécia vêm de tão longe que poderiam cobrir a circunferência da terra. Em tempos de aquecimento global e da necessidade de reduzir as taxas de missão de CO2 , não precisa muito esforço para perceber que alguma coisa está errada nesse sistema. A cultura do local e do orgânico é uma resposta óbvia para esses tempos. Precisamos de formas alternativas de viver, mais simples, saudável e criativa! |